segunda-feira, 15 de outubro de 2007

"Tropa de Elite" ou "Elite da Tropa"?

Sei lá não se entendi direito o filme, tinha achado que sim, mas agora estou na dúvida. Estava assistindo a entrevista da Marília Gabriela com o José Padilha (que como todos sabem é o diretor de Tropa de Elite) e o Rodrigo Pimentel (que como vocês também devem saber é o co-autor do livro e roteirista do filme) e fiquei meio confusa...
O Padilha me parecia um cara mais maneiro ;) não pareceu ficar muito chateado com a cópia pirata do filme (dentro do possível)... pareceu levar tudo numa boa e tal, mas fiquei meio sem entender algumas coisas que ele disse.

Quando eu assisti ao filme achei muuuiito bom, e me pareceu realmente pró-bope, o capitão Nascimento não é assim um doce de pessoa (inclusive ser capitão do bope e doce de pessoa devem ser coisas incompatíveis) e se fosse acho que não estaria mais entre os vivos.
Pela primeira vez em muito tempo vi um filme mostrando o Rio e favelas e tal mas não fiquei como costumava, com vergonha de tudo aquilo... fiquei orgulhosa. Só de saber que ainda haviam uns poucos reunidos em uma tropa que não são corruptos, me pareceu uma luz no fim do túnel, uma última chama de esperança. Andar no Rio de Janeiro (e acredito que em todo o Brasil) é assustador, você se vigia o tempo todo, olha para todos os lados, se preocupa em sair e voltar. E conhecer um batalhão de não corruptos foi pra mim um orgulho. E olha que nunca achei que fosse possível escrever em uma mesma frase orgulho e batalhão.

Nem consigo imaginar como deve ser a vida desses caras, que são com certeza heróis... Heróis pois se arriscam todos os dias, em lugares onde a maioria de nós não pretende passar nunca, por um salário que com certeza não deve ser muito (embora não haja mesmo um valor que pague o perigo que eles enfrentam) e mesmo assim continuam honestos. Isso mostra que eles se importam, e mais do que isso, acreditam. Acreditam que de alguma forma ainda seja possível que a situação melhore e continuam se arriscando por nós. Mas não entendi quando o diretor disse que o filme não era pró-bope... acho inclusive que ele fez questão de dizer isso pois o Pimentel disse que o filme era pró-bope. E aí começaram as críticas ao Bope, que absurdo aquela coisa toda de tortura e tal, como tortura é pior que corrupção e outras coisinhas. Não digo que se deva torturar ninguém, mas acho que é muito fácil criticar estas pessoas. Eles não lidam com pessoas ou situações normais. Eu nunca torturei ninguém e nem pretendo nunca, não acho que isto deva fazer parte do nosso cotidiano, mas meu cotidiano é muito diferente do cotidiano dos integrantes do Bope. Quando você vive cada dia em situações 'matar ou morrer' você se adapta, é isso o que o ser humano faz de melhor, ele se adapta. Sempre pensando em se resguardar. Se eu precisasse subir morro e fazer o que eles fazem eu não poderia afirmar que não, de jeito nenhum, jamais torturaria ninguém. E você, poderia?

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